Bem vindo às Terras de Salém. Onde a Magia nunca tem fim.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Excomungue-me





Prefiro as papoulas aos papas
Empapuçando as pupilas de cor
Prefiro a dor mortal à frieza congregacional
Prefiro o meu blues ao seu pretenso céu azul
Prefiro a excomunhão consciente
Do que a aceitação incoerente
Prefiro o calor da fogueira
A me tornar uma vazia obreira
Sem sonhos, sem delírios, sem paixão
Sem nuvens prá pisar feito chão.
Prefiro uma tonelada de terra esquecida
À sepultar de vez meu coração.
Prefiro a vida que se apalpe
A boca que me aceite
O corpo que me procrie.
Prefiro a alma que seja gêmea
O amor que seja fato.
Prefiro o talo da flor vivente
Que vibra coloridamente no jardim do meu quintal
À sisudez papal enclausurada,
No palácio do Vaticano, tão rico, tão belo e tão morto.
Prefiro, enfim, o caminho torto
Que me excomunga e me liberta
Prefiro manter a porta sempre aberta
Do que a hipocrisia do ouvido mouco
Sem bíblia, sem doutrina, sem crença
Morrendo pro comum, voltando em paz
Prá minha própria renascença.

Poema feito a seis mãos, por Gilson Gabriel, Raquel Leal e eu, in Sarau Solidões Coletivas In Bar 11: "Depois das cinzas, a fênix mutante ressuscita" - Homenagem ao rock e à contracultura de 1970, realizado no Mineiru's Restaurante, no Jardim de Cima, em 16/02/13.

Nenhum comentário:

Postar um comentário