Bem vindo às Terras de Salém. Onde a Magia nunca tem fim.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Lascivo

Discreto, ponho-me entre ti e o tempo.
Uso-te com amor e parcimônia, para que possa, por longo período, desfrutar-lhe.
Ansioso, olho-te com paixão e desejo, mas em calmaria de gestos.
Respirando o ar da noite, capto seu cheiro à milhas de distância.
Quando toco em meu próprio antebraço, sinto o seu calor a incendiar-me.
Ao sorrir, lembro-me de seus olhos perdidos no vazio dos acontecimentos.
Enquanto procuro os pensamentos que deixei na gaveta da cômoda, vejo-te cruzar o corredor, linda e blasfema, envolta apenas em meus sonhos inconfessáveis.
Insano, penso-te noviça, depois mártir, depois feiticeira.
Mas trago-te novamente à realidade de meus medos e de minhas raivas e descubro-te então real, palpável, doce e quente, feito fruta madura que sorvo sem o arrependimento das horas de ócio, saboreando as loucuras que me escorrem pelo canto da boca, lascivo que sou, inegável, imutável.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

As Sibilas - Parte I








Das verdades irrefutáveis ou Elas sempre sabem.

Surpreendentes são os homens do mundo
Que mentem tão veementemente
Que acreditam piamente nas mentiras do mundo
Adoráveis são os homens do mundo
Que tão mordazmente mentem
Que nos envenenam anos depois de tudo
Inacreditáveis os homens e as mentiras
Incontáveis os homens e as mentiras
Mentiras contáveis
Mentiras acreditáveis
Elas flutuam
Anos e anos no ar
Palavras sonsas a flanar
Levemente
Suavemente
Até cair no colo de uma mulher sagaz
E serem então acariciadas
Afagadas
Acalentadas pela lâmina mortal da verdade
Tolos são os homens
Que morrem de amor docemente nos seios da mulher amada
E morrem serenos
Serenos e descrentes das verdades 
Por ela ressuscitadas

domingo, 17 de agosto de 2014

Aquilo que não está lá

Hoje vou falar daquele vazio que todo ser humano sente de vez em quando, que parece nunca ter fim, que parece não mais nos deixar. Desesperante como uma asfixia, num filme qualquer da Sandra Bullock.



Hoje a rua estava vazia
E no vazio cabem muitas coisas
Cabem espaços e devaneios
Dores e volteios

No vazio cabe um imenso amor
Tão confuso que se confunde com dor
Mas que nada mais é do uma flor
Esperando aquele sol voltar

O que é o vazio?
Talvez seja ele o imenso mar
Que o capitou se confrontou em navegar

Um poema do "poetairmão" Rabib Floriano Antonio.



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Você pega em tudo. Mas não toca em nada.

Aquele que doa de si é o que doa com mais intensidade.
Aquele que compartilha seu mundo interior é o que compartilha seu maior tesouro.
Quem leva o ser amado para dentro de sua essência é o que ama com mais plenitude, pois expõe-se de forma a poder ser ferido intensamente, mas arrisca. Arrisca porque confia. Confia porque ama. Ama porque tem fé.
Você pega em tudo. Mas não toca em nada. Partículas separadas por centenas de milhares de quilômetros que se conectam sem explicação. Quando uma começa o seu movimento, a outra também começa o seu, em sentido contrário. Harmonizadas. Sincronizadas. Mesmo que a anos luz de distância.
A beleza e a riqueza do mundo não estão no objeto, mas na possibilidade. Há infinitas possibilidades de beleza, de riqueza, de amor e plenitude. Basta fechar os olhos e ver. Basta não tocar, para então, poder sentir.


sábado, 21 de junho de 2014

A caixa mágica


 Pandora esqueceu-te num canto e todas as desventuras que outrora existiam, dissolveram-se em nuvem, fluindo no ar. Ficou somente o verbo. Amor perfeito, calor de vela perfumada, incensa chama oriente, beleza presente na sala de estar. Amiga do conhecimento, cercada do saber, puseram-te aos livros, a enfeitar. Ricamente ornada de prazer, com pedras de alegria encravadas em teu ser, estrutura firme e flexível, bronze-cobre a reluzir, tens o tempo como escravo, a lua como amiga, o universo a lhe sorrir. Soubeste ser bela e necessária para aquele que hoje a tem por perto. Trazes beleza e meditação. Som-silêncio e inspiração. Expiração. Ausência de suspiros e saudade perene. O longo beijo desejado, o abraço que freme. Trazes em teu corpo luz dourada de magia. Transparência em pedraria. Tua riqueza não está no que mostras, mas no que aparece em teu brilhar. Luzes brandas de amizade, fraterno trançado suave, paixão de cor a incendiar.


Amor Irmão

Pode existir
Um amor completo assim?
Será delírio?
Será ilusão?
Ter no amigo
E no irmão
O amor maior de todos?
O amor que tem paixão
O amor que tem respeito
O amor que tem tesão
O amor que só protege
O amor que quer cuidar
O amor que só aumenta
Quanto mais se pode amar
Será delírio?
Será ilusão?
Ter no amante o melhor amigo
Ter no amigo o melhor irmão
Ter no irmão e no amigo
O amor que tem paixão

domingo, 27 de abril de 2014

Quero Habitar em Você




Quero habitar em você
Todas as noites e dias
Quero fazer de ti minha morada
Quero te fazer enamorada
Dias e dias sem fim
Até que sejamos apenas um
Como Krishna, ou Deus
O mesmo início
O mesmo meio
E o mesmo fim

Um poema de meu amigo-irmão Aquiles Peleios.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Declaração de Amor à Lua




Ela sempre me encanta.
Ela me faz parar.
Me tira o fôlego nas horas
em que fico a admirar.
Saio com ela na madrugada
de mãos dadas a andar.
Ela no céu e eu na Terra
juntos, a namorar.
Ela enche de luz a noite triste
e de Magia o meu caminhar.
Lua Cheia tão brilhante...
brilha junto meu olhar.

Declaração de amor à lua é um poema do meu amigo-irmão Aquiles Peleios.

Vestes


Cansei de carregar o peso inútil de palavras amargas.
Larguei ao chão os sentimentos de ingratidão.
Arremessei ao longe uma sacola cheia de lamentos.
Descalcei-me das plataformas do cinismo.
Quando senti o sol, tirei o casaco pesado da desilusão.
As vestes inflexíveis da mesquinhez, as tirei uma a uma.
E quando me vi nua, me vi livre.
E percebi que veste alguma me pertencia.
Apenas eram minhas as vestes que de mim fluíam.
O que vinha de outrem me pesava e me encobria.
Espessa burca negra tecida em trama de amargura alheia
Não mais tornaria a vesti-la.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Um amigo que se vai






Um amigo que se vai
É um sorriso deixado no canto da boca
Imóvel
Surpreso consigo mesmo
Pelo estranho fato de não conseguir sair
Um amigo que se vai
É folha de livro grudada
Onde não se sabe o que ali está escrito
E com quem aconteceu o que...
Um amigo que se vai é a bola de sorvete caída no chão
É batida de porta de carro no dedo
É mordida na língua
É bicho abandonado e faminto
É injustiça
É falta de perdão
Um amigo que se vai é o vazio das tarde de domingo
Onde a estranheza das horas é só o que se tem
Um amigo que se vai é o que não se deseja a ninguém...

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quero Morrer

Quero morrer de uma maneira plena e livre
Alçar um vôo leve e sereno, num céu de estrelas cintilantes
Pousar com calma num gramado verde e brilhante
Onde me esperem para brincar coelhos e esquilos

Quero morrer neste mundo sem consolo e sem perdão
Quero acordar renascida em mim mesma, na imensidão
E me reconhecer - a criança sorridente que nunca fui
Com o olhar perdido no balão que sobe mais e mais no azul

Quero nascer no outono das folhas avermelhadas pelo tempo
Crescer no inverno recolhida em calor e semente
Debutar na primavera das flores e do vento
E no verão ameno estar madura em corpo e mente

Quero morrer enfim, para o medo e para o nada
Voltar em muda escolhida a dedo e replantada
Quero morrer para a dúvida e a incerteza
E voltar em fruto colorido sobre a mesa