Bem vindo às Terras de Salém. Onde a Magia nunca tem fim.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Tempo é uma Ilusão



Nos tempos antecessores à inquisição
No templo do saber
Havia um menino a se esconder
Para aprender da observação

Lia à distância o olhar de esperança
Da mulher de pele branca
Tão lírica ao ensinar

Ele só podia olhar
Mas a luz que ela refletia
Não mentia, só fazia apaixonar

Ela tão bela, tão única a brincar de poetizar
Lhe ensinava à distância que a esperança atravessa tempos
No amar

Ele, homem santo a sonhar
Ela, mulher de letras a brilhar
Eles unidos à beira de um tempo
Que não cabia no findar

E na explosão celeste
Depois de acusada de herege 
Com ele foi deitar

Se amaram como almas cármicas
Sem caos, sem tempo, sem pudor

No grande circo do horror
O fogo consumia a pele dela
Mas ela sorria com a dor
Para o seu amor

Ele a chorar rasgou a sacralidade
E correu, para aos pés dela
Mais uma vez se deitar

Queimaram juntos toda forma de restrição
E vivos numa outra explosão
Venceram a mortalidade


Um poema declaração de amor, da poeta-irmã, Raquel Leal.



Excomungue-me





Prefiro as papoulas aos papas
Empapuçando as pupilas de cor
Prefiro a dor mortal à frieza congregacional
Prefiro o meu blues ao seu pretenso céu azul
Prefiro a excomunhão consciente
Do que a aceitação incoerente
Prefiro o calor da fogueira
A me tornar uma vazia obreira
Sem sonhos, sem delírios, sem paixão
Sem nuvens prá pisar feito chão.
Prefiro uma tonelada de terra esquecida
À sepultar de vez meu coração.
Prefiro a vida que se apalpe
A boca que me aceite
O corpo que me procrie.
Prefiro a alma que seja gêmea
O amor que seja fato.
Prefiro o talo da flor vivente
Que vibra coloridamente no jardim do meu quintal
À sisudez papal enclausurada,
No palácio do Vaticano, tão rico, tão belo e tão morto.
Prefiro, enfim, o caminho torto
Que me excomunga e me liberta
Prefiro manter a porta sempre aberta
Do que a hipocrisia do ouvido mouco
Sem bíblia, sem doutrina, sem crença
Morrendo pro comum, voltando em paz
Prá minha própria renascença.

Poema feito a seis mãos, por Gilson Gabriel, Raquel Leal e eu, in Sarau Solidões Coletivas In Bar 11: "Depois das cinzas, a fênix mutante ressuscita" - Homenagem ao rock e à contracultura de 1970, realizado no Mineiru's Restaurante, no Jardim de Cima, em 16/02/13.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Cáucaso


O mundo é triste do Caucaso
Pedra areia e sangue
Algemas duras de Hades
Feitas de diamante

A noite é escura no Cáucaso
Sem estrelas, sem luar
Vento frio na lembrança
Querendo o calor gelar

Águas que rodopiam
Encobrem o sol
O Cáucaso é frio
Tormenta...Xeol

Frio mais frio que o Cáucaso
É esse meu coração
Pedra, gelo e metal
Feito só de razão

A Razão no Cáucaso é carrasco
Acorrenta o coração alado
Como Pégasus de dourado casco
Não permite ser aprisionado

Um poema a quatro mãos virtuais. As minhas e as de Aquiles Peleios.






terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

As coisas mais lindas


As coisas mais lindas
Onde estão as coisas mais lindas?
Residem as coisas mais lindas
Na simplicidade de um sorriso?
As coisas mais lindas hoje moram justamente onde as preciso?
No parapeito da janela em flor?
No barulho dos carros na rua, no motor?
Na música que ao longe se esvai em notas sutis?
Nos olhos ardentes e nos lábios febris?
As coisas mais lindas
Onde estão as coisas mais lindas?
Habitam nos pensamentos?
Preenchem os momentos?
Transbordam dos sentimentos?
Flutuam as coisas mais lindas junto com a nuvem que voa?
Repousam na linha afiada do atame que corta a carne boa?
Dançam no sangue de vinho que bebes na boca de outra pessoa?
Sim meu caro.
Lá estão as coisas mais lindas!
Em toda luz e todo mistério.
Em tudo que carregas no peito.
Em tudo o que te incute medo.
Em mais de um segredo.
No porvir...
Naquilo que não vês, mas podes sentir.
Em todas as rugas de risos e lágrimas que te permitir.
As coisas mais lindas estarão a te aguardar e sorrirão para ti.
Eternamente sorrirão para ti.