Bem vindo às Terras de Salém. Onde a Magia nunca tem fim.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O Bastante

É preciso ser forte todos os dias.
Ser forte para enfrentar as distâncias e os medos.
Ser forte para enfrentar o tempo e aceitar sua condição onipotente, onipresente, onisciente, um deus de todos os mundos.
É preciso ser forte quando se quer apenas cair nos braços da paz, do conforto, do amor.
É preciso segurar as lágrimas enquanto se atravessa as ruas com passos silenciosos e mãos que acenam um até breve.
Segurar as lágrimas que querem cair e encharcar a poeira do coração.
É preciso força. Mas nem sempre a temos.
Muitas vezes, vamos querer ser apenas frágeis, mesmo sendo fortes.
Protegidas, mesmo quando protegemos.
Vamos apenas querer um abraço eterno de onde não precisaremos sair.
Um amor que nos cuide, nos dê a mão e nos guie, seja pela trilha da montanha ou pelo corredor de casa.
Um amor para apenas ficar em silêncio, sem precisar palavra alguma, enquanto se divide a mesma cama abraçados, assistindo tevê.
Um amor para ajudar em tudo o que for preciso, e no que não for também.
Um amor que apenas esteja ali pra nós, e que estejamos ali pra ele, e que isso nos baste para viver.




sexta-feira, 29 de maio de 2015

A carne





Entre botões e pensamentos, instalo-me silencioso.
Observo-te nos gestos simples de teu cotidiano.
Olhas teu rosto no espelho embaçado,
Penteias os cabelos negros com sutileza,
E diriges teu carro em precisão.
Quando cruzas meu caminho e não me vês,
O vento que agitas com tua pressa, invade-me o nariz e o peito.
Deixas o rastro de teus desejos ao passar.
Lobo, uivas em luas cheias e crescentes,
Em busca de saciar tua fome implacável.
Bebes e conversas sobre teus assuntos corriqueiros,
Trabalhas e te divertes em companhia de amigos.
Não sabes que enquanto caminhas olhando as nuvens e as estrelas,
Logo à frente abrir-se-á fenda de mistério,
Onde acre e doce abismo te espreita,
Esperando o inevitável da queda.
Para então receber-te.
E aconchegar-te em corpo e espírito.
Prisioneiro de tuas próprias vontades,
Morres todas as noites,
Em gozos lentos e demorados.
Renascendo em manhãs que guardam, em silêncio,
A embriaguez das horas infindáveis de ardor carnal.