E então a Deusa fez o mundo
E junto com Zeus nos criou
Dos abismos mais profundos
Ao mais forte vento que ventou
No alto da mais alta montanha
Lá estávamos nós
Atravessado planícies
Juntos, a sós
Cruzando cordilheiras e oceanos
Lado a lado lutamos
Fomos noite, fomos dia
Fomos o eterno em nós
Irmãos
Pai e mãe
Amigos
Amantes
E o que podia ser uma aventura errante
Virou paz
Virou abrigo
Eu te descobria
Conhecendo-te o brilho negro do olhar forte
Sorriso calmo que prenuncia a morte
Como a maciez do andar do lobo traz o sol do novo dia
Conheço a força de teus braços no abraço
E a intensidade com que matas o inimigo
Ah! Sim, conheço bem!
Conheço todas as guerras inatas
Todas as lutas insensatas
E as vitórias perdidas também
E tu me olhaste e me viste fêmea
Me viste estrela do Oriente
Me viste luz
Luz que te guiava, iluminando tua estrada
Te conduzindo pela mão
Às doces terras do coração
Prazer alucinante e dor
Aconchego viciante
Provocante amor
Mas as escolhas que fizemos desta vez
Nos separou em corpos
Nos endureceu a tez
E deixei-o só, e me vi só
Andando por caminhos tão distantes
Que agora pisam teus pés, o pó
Quem dera nos tivéssemos
Conhecido em outros tempos
Antes de fatídicos acontecimentos
Que por fim, nos separaram
Se tudo fosse diferente
Se nada impedisse a gente
De lutar uma luta fatal
Hoje um estrela só sua
Brilharia no seu quintal
Viveria a podar as anãs
As pequenas estrelas pagãs
De sabedoria ancestral
Mas o mistério permanece
Num segredo de ti para mim
Que tu finges não saber que sei
E eu finjo não dizer que é assim
E dessa forma, seguindo a girar
A roda que é o pensar
Mas também é a decisão
Somos um só novamente
Em corpo, alma e coração
A enganar solenemente
A fingir que é inexistente
A tola e ingênua razão
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